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                   ROMA, CIDADE ETERNA 
                    02-06-1990 
                      
                  Minha  primeira viagem à Itália, para uma dessas longas reuniões oficiais (1). Voo  pela Swissair, via Genebra e Zurich porque, com a Copa do Mundo de Futebol da  Itália, os voos diretos estavam todos lotados.  
                  Roma  é a mais espetacular cidade do mundo. Sem exagero. Das origens magnificentes do  Império Romano... Um museu vivo, de 360º circundante e envolvente, onde vários  milênios de civilizações sobrepõem-se harmônica e esteticamente, em cenário  magnífico.  
                    Logo no segundo dia tomei um desses itinerários turísticos em ônibus que  mostram tudo de uma só vez. Uma maratona. Embriagante, sensual, belíssima.   
                    Um dia de sol de primavera, quente e úmido, na companhia indefectível de  alemães e japoneses... 
   
                    Quarenta e três pontos turísticos, mais de uma centena de monumentos e quatro  paradas para rápidos recorridos nos locais. O início final na Stazione Termini,  junto às muralhas e das Termas de Diocleciano, passando em seguida pelas  rebuscadas fontes de  Benini. E mais: o  obelisco egípcio (século XII antes de Cristo); pelas insinuantes igrejas  gêmeas; o bolo-de-noiva do Palazzo di Giustizia; pelo circular castelo de Santo  Angelo (que já foi mausoléu de Adriano, virou castelo medieval, chegou a ser  teatro e agora acabou sendo museu); a monumentalidade ciclópia da Basílica de  São Pedro, grandiosa obra de Bernini, com 284 colunas dóricas e 88 pilares, sem  contar a abóbada descomunal, no Vaticano (apesar da pressa houve tempo para  apreciar La Piettá, de Michelangelo, agora com sua alvura protegida por uma  parede de vidro blindado, para evitar novo ato de vandalismo); a elegância do  Campidoglio, com sua escalinata e estátuas soberbas, os templos pagãos  levantados em mármore para homenagear as divindades  greco-romanas; o que restou do imenso Circo  Massimo, lugar reservado para as corridas de cavalos desde os tempos primevos de  Rômulo; os volumes olímpicos do Coliseu sobre o que fora a chácara de Nero (a  quem se aribui, injustamente, ter mandado sacrificar cristãos mas, em verdade,  morrera antes de ver erigido o imenso estádio ); o magnífico Arco de  Constantino, o mais belo e melhor conservado de quantos povoam a área  arqueológica da Cidade Eterna; as intrigantes Termas de Caracolla; a obra  escultórica de Galilei, sobre a fachada da basílica de São João e, quase no fim  do percurso, a graciosa igreja de S. Maria Maggiore, do século XVIII. 
   
                    Mais, muito mais, em um recorrido febril, psicodélico, caleidoscópico. Centenas  de anos sobrepostos, pedra sobre pedra. Numa época erigiram, noutra demoliram  em parte e logo sobrepuseram, amalgamando templos romanos com igrejas  medievais, aquedutos clássicos com palácios renascentistas, numa grácil e  estranha alquimia arquitetônica.  
                    Em Roma, tudo é possível e tudo harmoniza-se conveniente e convincentemente.  Colunas romanas, dentro da igreja de S. Maria in Cosmadin (onde uma fonte tem a  boca da verdade, pois o povo acreditava que, enfiando nela, o mentiroso ficaria  mutilado); restos de aquedutos nas paredes dos palácios.  
                    Uma junção de milhares de anos, na trajetória errática da história.  
                    
                    
                  (1): Reunião Diretiva do Programa TIPS, do PNUD, área de  informação industrial.  
                
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